01 setembro 2011

Hora da Leitura!!! Estudos e opiniões de iminentes pesquisadores brasileiros sobre a Pedra de Ingá (Parte 2)


Estudos e opiniões de iminentes pesquisadores brasileiros

(Parte II de III)
A pedra lavrada do Ingá é um dos mais estranhos monumentos arqueológicos
que encontrei em minhas viagens pelo interior do Brasil.
Por J. A. FONSECA*
De Ingá-PB
Para Via Fanzine & UFOVIA


Diante do elevado grau de dificuldade para compreensão dos signos milenares do Ingá, faremos a seguir uma breve exposição de algumas teorias de pesquisadores brasileiros, que se preocuparam em debruçarem-se sobre sua vasta simbologia, numa tentativa de compreendê-la integralmente. Ao final, na 3ª parte, destacaremos o trabalho do grande pesquisador Gabrielli Baraldi e incluiremos a opinião do autor deste estudo e suas observações, após sua visita a este esplêndido monumento arqueológico brasileiro.
AS PESQUISAS DE GILVAN DE BRITO
Em primeiro lugar queremos citar o pesquisador Gilvan de Brito e seu livro “Viagem ao Desconhecido – Os Segredos da Pedra do Ingá”, que tendo o cuidado de incluir em seus estudos outros registros rupestres de relevante importância no estado da Paraíba. Neste seu magnífico trabalho emite a idéia de que no espaço compreendido entre o mar e o Planalto de Borborema, pode ser encontrada uma grande profusão de material lítico, pictográfico, ideográfico, dolmens, muralhas de pedra e outras evidências que indicam a passagem de grupos humanos pela região, povos que tiveram um certo grau cultural que os permitisse gravar em pedra bruta caracteres sofisticados e erigir “construções” com características notadamente megalíticas.

Quando Gilvan diz que “o maior e mais importante sítio arqueológico do Brasil localiza-se, provavelmente, na Paraíba,” haveremos de concordar com ele, pois quando ali estivemos pudemos ter esta mesma impressão e depois de compará-la a muitos outros, reforça-mos ainda mais esta convicção. Assim como outros, também este autor sugere que as inscrições do piso, ao lado do painel vertical do Ingá, possa fazer referência a conjuntos constelatórios, apresentando objetivamente seu pensamento em relação àqueles traçados geométricos com a Constelação de Orion, Peixe Austral e Grus.
Seu estudo, entretanto, se detém mais demoradamente no grande painel vertical, devido à sua profusão de símbolos, pontos capsulares e ideogramas, além da sua notável expressividade, delicadeza dos traçados e dos cortes das insculturas, e sua estranheza. Apesar de os arqueólogos atribuírem a estes signos, quase sempre, classificações mais comuns, como zoomorfas, fitomorfas, cosmogônicas, fálicas e antropomorfas, Gilvan acredita que os mesmos possam ter um significado bem mais contundente. Acena que a Pedra do Ingá poderia ter sido insculpida com apurada técnica e um conhecimento específico de seus autores, pois a linhas inicialmente traçadas foram, posteriormente, gravadas na rocha com fino acabamento e polimento “lembrando perfurações realizadas através de modernos equipa-mentos de raio laser”, conforme comenta.
Há uma variedade de formas gravadas neste painel principal como linhas retas, pontilhadas, espirais, canais paralelos, curvos, circulares e lineares, mas não se podem ver, conforme observa, figuras triangulares nem ornamentais. Segundo pensa, tratam-se de símbolos que tentam materializar uma idéia específica, pois encontrou traços significativos que fundamentam tal pensamento, formas silábicas e ideográficas que procuram “uma função determinada na comunicação escrita”. Neste sentido destacou alguns caracteres (exemplificados no quadro abaixo), para aventar a hipótese de que somente uma forma de inteligência, é que poderia ter criado aquele painel ordenado de mensagens cifradas, certamente, com a finalidade de levar até o futuro as impressões culturais de seu povo. Abaixo apresentamos quadro com exemplos da classificação tipológica comentada por Gilvan de Brito.
   

Para Gilvan de Brito as insculturas gravadas em Ingá devem ter sido obra de um povo que aqui teria vivido em passado longínquo, onde cada componente desta raça teria oferecido sua contribuição para a feitura deste magnífico conjunto lítico. Para ele, a comunidade impulsionada pela visão do artista que havia idealizado o painel incumbiu-se de rasgar a pedra já marcada pelos contornos riscados por sua mão hábil e deixar para posteridade o primoroso resultado de seu trabalho. Com cuidado analisa os signos em separado, comparando a figura esguia do início do painel (em sua parte mais alta) à uma balança rústica, sugerindo, até mesmo, que a Pedra do Ingá venha a ser um túmulo de um ilustre visitante que teria ensinado aos moradores da região novos conhecimentos.
Gilvan faz uma interessante ligação entre a Pedra do Ingá, as pirâmides de Queops, no Egito, e Theotihuacan, no México, com a possível localização da Atlântida. Traçando uma linha reta entre as duas grandes pirâmides, do Egito e do México, e dividindo o Trópico de Câncer exatamente no meio, entre as duas pirâmides citadas, traça uma linha vertical, tendo abaixo a localização da Pedra do Ingá e acima, próximo à Groelândia, a localização da desaparecida Atlântida (ver ilustração abaixo). Tal interpretação não nos parece inconcebível, porque também acreditamos que existe uma estreita relação entre este lendário continente desaparecido, o antigo Egito e os povos Maias. Por que não incluir a Pedra do Ingá e sua complexa simbologia neste contexto histórico ainda por decifrar, principalmente, se podemos observar esta situação emblemática entre os mesmos?

Gilvan cita outros pesquisadores que alegam que tais inscrições teriam sido feitas por habitantes indígenas da região. Entretanto, discorda dos mesmos, não reconhecendo que as gravações do Ingá tenham, sido produzidas pela ociosidade e o espírito brincalhão e esportivo dos índios brasileiros. Avançando em suas pesquisas e utilizando-se de observações feitas na seqüência de pontos capsulares no alto dos signos insculpidos e nas representações que lembram a lua, elaborou estudos numéricos e analíticos, chegando a conclusões muito interessantes que gostaríamos de destacar.
ITENS ANALISADOS
POSIÇÃO OFICIAL
POSIÇÃO LEVANTADA
Ano Solar
366 dias (ano bissexto)
366
Ano Lunar
354 dias
342
Velocidade Orbital
3.700 km/h
3.660
Perigeu (menor distância entre a Terra e a Lua)
356.375 km.
366.000
Apogeu (maior distância entre a Terra e a Lua)
406.720 km.
408.000
Raio da Lua
1.700 km.
1.710
Inclinação da Órbita
5,1454º
5,9
Inclinação em relação ao equador terrestre
23,5º
24
Distância Terra-Lua (eixo a eixo)
384.500 km.
380
Medida do PI
3,14
3,18
Diâmetro do equatorial da Lua
3.476 km.
3.473
Área da Lua
38 milhões km2
38
Densidade da Lua
3,34
3,36
Distância média Lua-Sol
149.000.000 km.
148.200
Ciclo de Saros (repetição dos eclipses)
18 anos, 11 dias, 8 horas
18
Gilvan levanta a hipótese de que há vestígios ideográficos nas insculturas do Ingá, considerando-se que a escrita ideográfica é caracterizada pela síntese, o que pode ser notado na emblemática conformação das figuras deste painel milenar e no mistério da técnica utilizada em sua feitura. Para o mesmo, os caracteres deste monumento paraibano não se assemelham totalmente aos hieróglifos e alfabetos de outros povos, porém, argumenta que “os primeiros vestígios identificam-se com as línguas que se constituíram posteriormente na principal fonte de todos os dialetos existentes, o que nos levaria a supor na organização daqueles sinais como a raiz das línguas do passado que deram lugar aos alfabetos hoje conhecidos.” Daí, faz relações com os signos encontrados em Glozel (França), com os hieróglifos hititas, a escrita etíope e muitos outros alfabetos, não deixando de mencionar a estranha simbologia hieroglífica encontrada na Ilha de Páscoa.
As conclusões deste autor, que o mesmo prefere converter em sugestões, são essencialmente coerentes, considerando-se a estranheza sofisticada dos caracteres do Ingá e a dificuldade de identificação destes com outras culturas. Segundo Gilvan “ninguém pode dizer que conhece a solução de um enigma apenas porque tem idéia a respeito do que possa ser o objetivo incomum.” E ainda, “que as explicações perdem força quando se observa que a verdade definitiva não foi atingida e que as teorias apenas procuram confundir os céticos".
Sugere então, diante das evidências, que o painel da Pedra do Ingá teria sido utilizado pelos antigos povos da região como meio de expressão, objetivando deixar para a posteridade uma mensagem relacionada aos hábitos de seu povo. Alerta, entretanto, que seus autores insculpiram seus elementos como um quebra-cabeças, exigindo inteligência, precisão e disposição no trabalho empreendido para sua decifração. Não poderia ser por isto, obra dos indígenas que habitaram a região, pois sabe-se que tais atributos não faziam parte (e nem o fazem hoje) da cultura desses grupos que eram naturalmente indolentes e avessos a trabalhos desta natureza.
Sugere ainda que o sistema simbólico utilizado poderia estar relacionado a algum ramo da língua indo-européia, por causa da utilização de pictogramas semelhantes aos da Ilha de Páscoa e sua relação com o signos não decifrados do Vale do Indo. Finalmente, sugere que sejam efetuados levantamentos antropológicos mais aprofundados e pesquisas arqueológicas para auxiliar nos estudos de decifração deste enigmático monumento, que poderia tratar-se de um verdadeiro repositório de informações sobre o passado de nossa terra.
A TEORIA DE FRANCISCO C. PESSOA FARIA
Uma outra teoria foi emitida pelo pesquisador Francisco C. Pessoa Faria, médico por profissão, que por um período de trinta anos desenvolveu estudos na Pedra do Ingá. Após análises aprofundadas nos signos insculpidos neste monumento, concluiu que possuem conotação astronômica e que a intenção de seus autores foi, objetivamente, deixar uma espécie de documento perene sobre as observações que haviam feito no firmamento, no sol, na lua, nas estrelas e nas constelações. Segundo o pesquisador esses criteriosos observadores milenares decidiram fazer então o registro de efemérides notáveis de seu tempo, deixando “anotado” em pedra bruta o que conseguiram perceber sobre o movimento dos astros na abóbada celeste.
Francisco Faria escreveu um livro intitulado “Os Astrônomos Pré-históricos do Ingá”, onde desenvolveu suas conclusões a respeito de sua tese astronômica, procurando fazer relações entre as constelações atuais aos agrupamentos de signos artisticamente “moldados” no monólito paraibano.
Segundo sua teoria certas formas insculpidas tratam-se de desenhos estilizados das doze constelações zodiacais, como também podem representar outras constelações. Os pontos capsulares na parte superior da pedra seriam uma representação da eclíptica (a órbita da Terra em torno do Sol), representada pela circunferência imaginária que representa a trajetória do sol na esfera celeste.
Alguns dos signos mais complexos o autor os relaciona com as movimentações dos grupos estelares durante as estações do ano. Assim, a pictografia que assemelha-se a um cocar indígena superpondo vários pontos capsulares justapostos e um signo abaixo destas representações, o autor relaciona a uma espécie de assinalador do equinócio, podendo desta forma, significar a mudança de posição do sol do hemisfério norte para o hemisfério sul. As figuras que se acham abaixo deste conjunto, como a forma antropomorfa, o círculo seccionado em duas partes e a dupla de pontos capsulares próximo destes signos, representa-riam fenômenos espaciais e terrestres relacionados com a efeméride equinocial.
Apesar de sua análise criteriosa o autor afirma que não é possível estabelecer uma cor-relação rigorosa entre as insculturas do Ingá e as constelações conhecidas, por duas razões:
1.       Não se pode afirmar que os povos que “trabalharam” os signos destas itacoatiaras possuíam os mesmos conhecimentos que temos hoje sobre as constelações e o movimento do céu nas estações;
2.       Não temos como saber se as divisões constelatórias possuíam as mesmas configurações e posições que possuem hoje no caminho do zodíaco.
Neste sentido, como não se conhece a data correta em que estas insculturas poderiam ter sido feitas, teríamos um problema adicional a resolver, pois quanto mais retroagirmos no tempo, mais as probabilidades de termos uma percepção diferente do céu em relação à sua condição atual se tornam mais pronunciadas. É provável que há alguns milhares de anos no passado, tivéssemos uma posição diferente das constelações e até mesmo a forma de observa-las, traçá-las no céu e interpretá-las, poderiam ser muito diferentes da forma como o fazemos hoje.
Francisco Faria atento a estes fenômenos não desconhece as dificuldades de uma interpretação como a que propõe, mas pensa que não poderia se furtar em apresentar certas coincidências que teria observado em algumas constelações conhecidas com certos registros nos petróglifos do Ingá. A nosso ver, seus estudos e suas conclusões não deixam de ser muito relevantes, pois ajudam a levantar discussões em torno deste enigmático monumento arqueológico paraibano, estranho demais para as pretensões de certos estudiosos que prefeririam ter algo mais simples para analisarem, mas que ali permanece silencioso desafiando a argúcia do intelecto contemporâneo.

ESTUDOS DE AURÉLIO M. G. DE ABREU
O insigne pesquisador Aurélio M. G. de Abreu aventou a hipótese de que o monumento do Ingá venha ser parte de “um contexto mais amplo, ligado diretamente a uma cultura de grande envergadura que se teria desenvolvido no atual Paraíba”. Complementa o pesquisador que “nesse estado sobrevivem lendas e citações sobre fatos insólitos, todos ligados à existência de uma civilização nativa que atingiu o estágio da escrita, gravando longos textos não só em pedra como também em livros de casca de árvore, localizados e destruídos pelos religiosos no período colonial”.
Aurélio de Abreu afirma que fora da Paraíba não existem exemplos de inscrições parecidas com as do Ingá que teriam sobrevivido ao tempo e à destruição deliberada. Em suas avaliações sobre as mesmas, pergunta o professor se não teriam os misteriosos habitantes da Ilha de Páscoa passado pelo Brasil, deixando aqui a marca de sua linguagem, ou se teriam saído destas antigas terras brasilis os portadores da cultura que se formaria naquela ilha do pacífico?
OUTROS ESTUDOS
O pesquisador Fernando Moretti afirma que existem 114 signos na Pedra do Ingá, variando desde cerca de 50 cm. de altura por 3 cm. de profundidade, representado frutas, répteis, pássaros e estrelas de tamanhos variados. Aventa a hipótese de que estes sinais possuam semelhanças com os da cerâmica Marajoara e Tapajônica, afirmando que seu estilo indica uma cultura superior a dos índios da região ou uma influência muito diferente à desenvolvida ali. Também Moretti acredita que os caracteres do Ingá sejam muito parecidos com os da tábua Kohan Rongo - Rongo, da Ilha de Pascia.
Também o prof. Alfredo Coutinho de Medeiros Falcão encontrou nos diversos pontos justapostos próximo ao painel principal da Pedra do Ingá uma grande identificação astronômica, como se quisessem mostrar agrupamentos de estrelas. Emitiu a hipótese de que este conjunto no piso horizontal se tratasse da própria representação da constelação de Órion, devido a semelhança dos pontos ali traçados e as estrelas que faz\em parte da mesma.
Muitos pesquisadores não admitem que possa ter havido uma escrita fonética no Brasil pré-histórico, mas certas inscrições rupestres encontradas de norte a sul do país sugerem caracteres ligados a uma linguagem primitiva situada em alguma parte do território brasileiro. Se analisarmos detidamente a língua tupi-guarani vamos notar que ela é riquíssima em termos linguísticos, mesmo que dela não conheçamos ainda a estrutura de um alfabeto, claramente estabelecido, para sustentar seu linguajar nativo e seus derivados.
A Pedra do Ingá levanta a suspeita de que tenha havido uma língua primitiva no Brasil. Ao estudarmos com critério seus caracteres milenares, alvo deste estudo, não podemos deixar de nos surpreender com suas primorosas reproduções e notável polimento, e não refletir sobre a existência de um linguajar ideográfico, perdido nas cinzas de nosso passado. Suas diversas representações estilizadas, algumas desconhecidas, outras se mostrando como formas zoomorfas, antropomorfas, fitomorfas, cosmogônicas ou caracteres com definições espaciais bem planejadas, conduzem-nos a pensar que possam tratar-se, efetiva-mente, de uma espécie de escrita racional, idealizada e produzida para transmitir conhecimento, apesar de não compreendermos ainda o seu código secreto
*J.A. Fonseca é economista, aposentado, escritor, conferencista, estudioso de filosofia esotérica e pesquisador arqueológico, já tendo visitado diversas regiões do Brasil. É presidente da associação Fraternidade Teúrgica do Sol em Barra do Garças–MT, articulista do jornal eletrônico Via Fanzine (www.viafanzine.jor.br) e membro do Conselho Editorial do portal UFOVIA.
 
- Fotos e ilustrações: J.A. Fonseca.
- Produção: Pepe Chaves.

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